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Holodomor

O Holodomor foi uma grave crise que causou a morte de milhões de ucranianos pela fome, entre 1932 e 1933, provocada por medidas impostas pelo governo soviético.

Pessoas segurando cartaz com fotos de vítimas do Holodomor. O Holodomor foi uma das maiores tragédias humanas do século XX.[1]

O Holodomor foi um período de grande fome, provocada pelo governo soviético de Josef Stalin, ocorrido entre 1932 e 1933 na Ucrânia. Originado da Revolução Russa de 1917, o evento teve antecedentes na coletivização forçada da agricultura, envolvendo deportações e confiscações de terras que geraram resistência camponesa.

As causas do Holodomor incluíram a imposição de cotas agrícolas irrealistas e o confisco de grãos, resultando em uma crise agrícola catastrófica. O ápice da fome foi em 1933, marcado pela recusa do governo em fornecer ajuda, mas o evento começou a diminuir no final de 1933, permitindo uma lenta recuperação na produção agrícola.

Além das perdas de vida, o Holodomor deixou um legado de trauma coletivo, exacerbando tensões étnicas e políticas, alimentando o desejo de independência e moldando a identidade e a memória da Ucrânia. O número exato de mortes é disputado, mas estima-se que vários milhões de ucranianos pereceram, marcando o Holodomor como uma das maiores tragédias humanas do século XX.

Leia também: Holocausto — genocídio cometido pelos nazistas

Resumo sobre o Holodomor

  • O Holodomor foi uma grande fome que assolou a Ucrânia entre 1932 e 1933, sendo uma tragédia provocada pelo governo soviético de Josef Stalin.
  • A coletivização forçada, a imposição de cotas agrícolas irrealistas e o confisco de grãos pelo governo soviético provocaram uma crise agrícola que desencadeou a fome generalizada na Ucrânia.
  • O Holodomor atingiu seu auge em 1933, marcado por uma fome severa e a recusa do governo soviético em fornecer ajuda.
  • O evento começou a diminuir no final de 1933, quando as políticas foram suavizadas, permitindo uma lenta recuperação na produção agrícola.
  • Além das perdas de vida, o Holodomor intensificou as tensões étnicas e políticas, alimentando o desejo de independência. As consequências duradouras moldaram a identidade e a memória da Ucrânia.
  • O número exato de mortes no Holodomor é incerto, mas estima-se que vários milhões de ucranianos tenham perecido, sendo algumas estimativas superiores a 10 milhões, marcando o evento como uma das maiores tragédias humanas do século XX.

Videoaula sobre o Holodomor

O que foi o Holodomor?

O Holodomor foi a grande fome que assolou a Ucrânia entre 1932 e 1933, resultando em um número significativo de mortes e deixando um legado de sofrimento e trauma na memória coletiva ucraniana. Foi o resultado de uma política praticada pelo governo soviético liderado por Josef Stalin na Ucrânia, que na época fazia parte da União Soviética.

Holodomor significa "morte pela fome" em ucraniano. Esse período de fome foi uma das tragédias mais devastadoras da história da Ucrânia, resultando em uma estimativa de milhões de mortes, embora o número exato seja alvo de debates e controvérsias.

Antecedentes históricos do Holodomor

Os antecedentes históricos do Holodomor remontam à Revolução Russa de 1917, que levou à formação da União Soviética em 1922. A Ucrânia, anteriormente parte do Império Russo, tornou-se uma república soviética. No início, o governo soviético implementou políticas que buscavam promover a coletivização da agricultura, visando a aumentar a produtividade e consolidar o controle estatal sobre os meios de produção.

No entanto, essa transição para a coletivização encontrou resistência significativa por parte dos camponeses ucranianos, que eram tradicionalmente proprietários de pequenas propriedades agrícolas. A resposta do governo soviético a essa resistência foi severa. Entre 1929 e 1930, houve uma série de deportações em massa de camponeses bem-sucedidos e o confisco de suas terras.

Veja também: O que foi o stalinismo?

Causas do Holodomor

As causas do Holodomor são várias, destacando-se sobretudo a coletivização forçada da agricultura e as políticas econômicas e sociais implementadas pelo governo soviético. A coletivização agrícola foi acompanhada por uma série de medidas autoritárias, incluindo o confisco de grãos e produtos agrícolas pela milícia do governo, conhecida como brigadas de colheita.

Soldado vigiando celeiro durante Holodomor.
Soldado soviético impede que ucranianos acessem seus estoques de grãos.

Essa prática resultou na escassez de alimentos, com as reservas sendo desviadas para exportação, principalmente para financiar a industrialização acelerada da União Soviética.

Outro fator significativo foi a imposição de cotas de produção extremamente altas para os camponeses. As autoridades soviéticas, sob a liderança de Stalin, estabeleceram metas irrealisticamente altas para a produção de grãos, forçando os camponeses a entregar suas colheitas ao Estado. Aqueles que não conseguiam cumprir essas cotas eram rotulados como inimigos do Estado e enfrentavam punições severas.

Essa combinação de coletivização forçada, confisco de alimentos e imposição de cotas irrealistas levou a uma crise agrícola de proporções catastróficas. A fome resultante foi agravada pela recusa do governo soviético em fornecer ajuda humanitária e pela imposição de políticas repressivas destinadas a sufocar qualquer resistência ucraniana.

Fim do Holodomor

O Holodomor atingiu seu auge em 1933, quando a fome atingiu proporções alarmantes em toda a Ucrânia. A situação era agravada pelo fato de que os camponeses estavam proibidos de deixar suas aldeias em busca de alimentos e muitos foram impedidos de receber qualquer tipo de ajuda externa.

A crueldade dessa política se refletiu na negação sistemática da existência da fome por parte das autoridades soviéticas, que insistiam que a União Soviética estava prosperando sob o socialismo.

O fim do Holodomor coincidiu com o início do ano de 1934, quando as autoridades soviéticas finalmente começaram a relaxar as políticas que contribuíram para a fome. A coletivização forçada continuou, mas as cotas foram reduzidas, e a produção agrícola gradualmente se recuperou. No entanto, as consequências do Holodomor perduraram por décadas, moldando a identidade e a memória coletiva da Ucrânia.

Quais foram as consequências do Holodomor?

O Holodomor teve consequências profundas e duradouras para a Ucrânia, afetando não apenas a população da época, mas também as gerações subsequentes. Uma das principais consequências foi o trauma coletivo e o impacto psicológico na sociedade ucraniana. A fome não apenas ceifou vidas, mas deixou cicatrizes culturais que foram transmitidas de geração em geração.

Além disso, o Holodomor exacerbou as tensões étnicas e políticas na Ucrânia. A imposição das políticas soviéticas gerou ressentimento e desconfiança em relação ao governo central, alimentando o desejo de independência e autonomia. Essa insatisfação se manifestaria novamente em décadas posteriores, quando a Ucrânia buscaria sua independência da União Soviética.

Saiba mais: Crise de 1929 — crise econômica que deu início a um período chamado de Grande Depressão

Quantas pessoas morreram no Holodomor?

Monumento em homenagem às vítimas do Holodomor, na Ucrânia.[2]

Determinar o número exato de mortes no Holodomor é uma tarefa desafiadora devido à falta de dados confiáveis e à negação sistemática por parte das autoridades soviéticas. As estimativas variam, mas muitos historiadores concordam que vários milhões de ucranianos morreram durante esse período.

Alguns sugerem números superiores a 10 milhões de mortes, enquanto outros optam por estimativas mais conservadoras, na faixa de 3 a 5 milhões de mortes. Independentemente do número exato, o Holodomor representa uma das maiores tragédias humanas do século XX.

Créditos das imagens

[1] VILTVART/ Shutterstock

[2] rospoint/ Shutterstock

Fontes

MIRON, Dolot. Holodomor: o Holocausto esquecido. São Paulo: Vide, 2021.

TAMANINI, P. A. O Holodomor e a memória da fome dos ucranianos (1931-1933): ressentimentos na História Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S. l.], v. 64, 2019. DOI: 10.23925/2176-2767.2019v64p154-184. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/40777

Por Tiago Soares Campos

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