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Escravidão na África

A escravidão na África se manifestou de diversas maneiras. Essa prática sofreu grandes transformações após árabes e portugueses ingressarem no comércio.

Pintura retratando homens brancos e negros em negociação, em texto sobre a escravidão na África. O tráfico negreiro fez com que milhões de africanos fossem escravizados pelos europeus.

A escravidão na África foi uma prática presente desde o tempo dos egípcios. De forma geral, a escravidão no continente africano tinha como forma mais tradicional a doméstica. Nela, mulheres e crianças eram tomadas como prisioneiras de guerra para ajudar em atividades domésticas, mas sendo integradas à comunidade gradativamente.

A escravidão africana mudou radicalmente a partir da chegada dos árabes ao Norte da África. Os árabes e islamizados compraram milhões de africanos escravizados, estabelecendo um negócio que só ganhou força quando os portugueses chegaram. O tráfico negreiro acirrou as disputas no interior do continente, sendo responsável por enviar 12 milhões de pessoas para a América.

Leia mais: Como foi a escravidão no Brasil?

Resumo sobre a escravidão na África

  • A escravidão na África esteve presente desde o Egito Antigo.

  • A forma mais tradicional de escravidão no continente foi a doméstica.

  • Na escravidão doméstica, mulheres e crianças eram sequestradas como prisioneiras de guerra e convertidas em escravas. Com o tempo, eram integradas à comunidade.

  • Os árabes e povos islamizados passaram a comprar uma grande quantidade de escravizados a partir do século VIII.

  • O tráfico negreiro se consolidou a partir dos portugueses, no século XV, resultando no envio de 12 milhões de africanos para a América.

Como se iniciou a escravidão na África?

A escravidão é uma prática antiga não somente na África mas em todos os locais do planeta. Essa prática é caracterizada pela exploração de um ser humano por outro ser humano, sendo que se estabelece uma relação de propriedade e posse entre as partes. Nesse sentido, uma parte é proprietária e a outra parte é propriedade.

A antiguidade da escravidão é identificável pelo fato de que os egípcios já a praticavam, explorando o trabalho de outros seres humanos e enxergando-os como suas posses. No caso do Egito, existem registros de quase cinco mil anos que mostram que os egípcios realizavam expedições militares para obterem trabalhadores escravizados.

Essas expedições egípcias se direcionavam para a Núbia, e os escravos obtidos eram revendidos como mercadorias. Em geral, no Egito, os escravizados eram reservados para os trabalhos mais pesados, como nas pedreiras.

Tipos de escravidão na África

O continente africano presenciou diferentes formas de escravidão, alguns tipos foram:

  • doméstico;

  • punição por crimes;

  • por fome e carestia;

  • islâmico;

  • por tráfico negreiro.

O tipo doméstico de escravização foi o mais tradicional no continente africano. Nessa modalidade, os escravos eram obtidos para auxiliar nos afazeres domésticos, sobretudo no trabalho agrícola. Eles eram obtidos por meio de conflitos militares em que determinado povo atacava outro para capturar prisioneiros.

Esses prisioneiros eram levados aos vilarejos de seus captores e lá eram transformados em escravos. Em geral, crianças e mulheres eram os alvos porque eram consideradas mais fáceis de serem controladas. Além disso, as mulheres se tornavam concubinas de seus senhores, gerando filhos que seriam descendentes do povo em que nasciam.

Os filhos das escravas eram considerados livres e vistos como membros da nova geração da comunidade. Os escravizados, por sua vez, gozavam de uma série de liberdades, tendo o direito de ter sua própria terra e até de se casar. Com o tempo, os escravizados domésticos eram também integrados à comunidade, recuperando sua liberdade integral.

Em casos muito raros, uma pessoa poderia ser escravizada caso cometesse algum delito grave. Entre os tipos de crimes que poderiam levar a essa condenação estavam o roubo e o privilégio. Povos que enfrentavam dificuldades para obter alimento e que viviam condição financeira limitada poderiam vender membros da própria comunidade como meio de levantar algum recurso.

Já a escravidão islâmica se estabeleceu à medida que os povos da África Subsaariana iniciaram contatos comerciais com povos islamizados. Esses contatos comerciais se estabeleceram a partir do século VIII, com a islamização do Norte da África, e eram realizados pelos berberes, povos do Norte da África, que enviavam caravanas de comerciantes para a África Subsaariana.

Os berberes levavam em suas caravanas muitas mercadorias dessa região africana, entre elas, escravizados. Entre os povos islamizados, os escravos realizavam uma série de trabalhos braçais e domésticos. Os historiadores apontam que um grande número de pessoas escravizadas — por volta dos sete milhões — foi vendido aos islamizados.

A grande quantidade de africanos escravizados obtidos por islamizados se explica porque o islamismo proibia que muçulmanos fossem escravizados por seus pares. Sendo assim, os árabes e islamizados obtinham escravos de outros povos que não seguiam a religião. Os muçulmanos, ainda, argumentavam que a escravização era uma oportunidade, pois, uma vez que esses escravizados se convertessem, eles não seriam mantidos como escravos.

A partir da abertura do comércio de escravos na África com os povos islamizados, a escravidão doméstica se enfraqueceu, uma vez que se consolidaram mercados de escravos para atender aos interesses de povos estrangeiros.

Tráfico negreiro

Do século XV em diante, os europeus se estabeleceram como os principais compradores de escravizados do continente africano. Os pioneiros nesse negócio, que se consolidou no contexto da expansão marítima, foram os portugueses. A partir da relação com os portugueses, o comércio de escravizados na África tornou-se gigantesco.

O tráfico negreiro, como ficou conhecido o comércio de africanos escravizados realizado pelos europeus, foi motivado pelo critério racial, diferentemente das formas como se desenvolveu a escravidão internamente na África. Ao longo do século XV, antes mesmo da chegada dos europeus à América, era comum que africanos fossem levados como escravos para trabalhar em Portugal e Espanha.

O tráfico negreiro consolidou uma classe de comerciantes que se especializou em sequestrar pessoas para vendê-las. Esse comércio de escravizados contribuiu para que as lutas no continente africano se multiplicassem, pois povos com poderosos exércitos passaram a usar a sua capacidade militar para subjugar outros povos e vender os prisioneiros como escravos.

Os povos que passaram a se dedicar ao comércio de escravos se consolidaram como forças dominantes no continente graças à prosperidade dessa atividade econômica. Além disso, as leis internas se tornaram mais rígidas, e delitos antes punidos de maneira branda passaram a ser punidos com a escravidão.

Os traficantes passaram a procurar africanos para sequestrá-los e vendê-los como escravos em regiões cada vez mais distantes à medida que o negócio ganhava forças. Aqueles capturados eram mantidos em má alimentação para que ficassem debilitados e evitassem fugir. Estima-se que cerca de 12 milhões de africanos foram trazidos para a América como escravos.

Consequências da escravidão na África

Entre as consequências da escravidão no continente africano, estão:

  • Fortalecimento das lutas internas como forma de obter renda por meio da venda de africanos escravizados.

  • Sequestro e venda de seres humanos escravizados.

  • Centralização do poder, com povos se fortalecendo por meio da riqueza obtida da venda de escravos.

  • Venda de 12 milhões de pessoas escravizadas, no caso do tráfico negreiro.

Exercícios sobre escravidão na África

Questão 01

O comércio de escravizados ganhou força no continente africano a partir da iniciativa de qual povo:

a) dos árabes e islamizados.

b) dos cuxitas.

c) dos egípcios.

d) dos portugueses e europeus.

e) nenhuma das alternativas.

Resposta: Letra A

O comércio de escravizados começou a ganhar força a partir da influência de árabes e povos islamizados, que tinham uma alta demanda de escravos de povos africanos subsaarianos. Após isso, o comércio de escravizados na África se consolidou para atender às demandas estrangeiras.

Questão 02

A respeito da escravidão doméstica na África, selecione a alternativa correta:

a) O escravo poderia ser integrado à comunidade.

b) Ela era baseada unicamente no critério racial.

c) O escravo não poderia ter propriedade e se casar.

d) Os escravos só eram obtidos quando um vilarejo passava por dificuldades econômicas.

e) Todas as alternativas estão corretas.

Resposta: Letra A

No caso da escravidão doméstica, o escravo poderia ser obtido de diversas formas, e a guerra era a principal delas. Optava-se por crianças e mulheres, que seriam igualmente assimiladas à comunidade com o tempo. Os filhos das escravas domésticas nasciam livres.

Fontes

ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de e FRAGA, Walter. Uma história do negro no Brasil. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

Por Daniel Neves Silva

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